domingo, 5 de dezembro de 2010

E AGORA JOSÉ? Parte I

"Quem olha pra fora sonha, quem olha pra Dentro acorda"



Essa frase não é minha. Bem que eu queria que fosse mas não é. Carl Jung foi quem disse e eu estou de acordo. Apesar de não ser completa, ela é, na minha opinião, acertada.

Quero falar um pouco sobre a História de José e como ela tem me impactado.

Minha visão a respeito de José distoa um pouco do romantismo como em geral ela é contada.
É provável que você já tenha ouvido falar dessa história. Do menino, filho de Jacó, que teve 2 sonhos proféticos e por conta deles pagou muito caro.


Sim foi Deus quem inspirou os sonhos em José, disso ninguém tem a menor dúvida. Acontece que entre o capítulo 37 e o 41 de Gênesis, muita coisa acontece.

Comecemos a analisar o capítulo 37 e já de cara veremos que há um desajuste na relação familiar. Israel (antigo Jacó) amava mais a José do que aos demais irmãos.

É claro que isso daria problemas, como de fato deu. 

José, ciente dessa predileção, se tornou um irmão fofoqueiro e semeador de intrigas. 

Veja que o versículo 2 diz que José trazia uma "má fama" de seus irmãos a seu Pai.

Não era de se admirar que o Pai amava mais a José. O Velho Israel, não podendo mais sair para pastorear, sabia do que acontecia pelos relatos de José, que de bom irmão não tinha nada.

Enquanto todo mundo ralava para pastorear, José, de trairagem (kkkkk) queimava o filme de seus irmãos. Pra ficar mais claro, era o puxa-saco do papai.

A Bajulação lhe rendeu uma túnica colorida que certamente foi motivo de briga entre os irmãos. Imagino que enquanto Israel tecia a túnica, entre eles já havia disputas e indagações sobre quem seria o dono.

Quando José aparece vestindo a peça, acredito que a galera já falou: Tinha que ser esse puxa-saco mesmo!!! 

A coisa ficou tão séria que o versículo 4 diz que eles já não falavam pacificamente com José. Ou seja, a coisa azedou de vez.

Interessante é que a coisa não azedou por causa da túnica, mas por causa do amor que era devotado em abundância a José, em detrimento dos demais irmãos.

Abro aqui um parêntese: Filhos não sentem falta de presentes, filhos sentem falta de amor. Fecho o parêntese.

A primeira lição que  tiro desse texto é que, quando a relação com o Pai não vai bem, a relação entre os irmãos também não vai.

Um dos sinais que que a relação com o Pai está ajustada é que a relação entre os filhos é sadia. Contudo, se há entre os filhos brigas, fofocas, disputas, desamor, antipatias, invejas, malícia... é sinal de que a relação com o Pai precisa ser revista.

Contudo, mesmo a coisa estando dessa maneira, José não mudou de postura.

A atitude normal seria uma tentativa de reconciliação com os irmãos, mas José não fez isso.

Mesmo sabendo que os ânimos estavam exaltados, diz a Bíblia que José pediu aos irmãos que ouvissem o sonho que ele tinha. 

Como é que você faz uma reunião, com pessoas que manifestamente não gostam de você e diz: Olha só gente, daqui a algum tempo, vocês todos serão meus subordinados? Que tipo de reação você esperaria?

José é provocativo na sua atitude. A consequência era inevitável... os irmãos piraram e aborreciam-no ainda mais. Gosto dessa maneira diplomática da Bíblia expressar as coisas, mas com todo respeito, vou parafraseá-la para aproximar mais de nossa realidade.

Os irmãos de José queriam então, voar no pescoço dele.

José teve um outro sonho e não se fez de rogado. Mas, como ele viu que a coisa estava feia para o lado dele, então o que fez? chamou o Pai, e contou na frente do Pai o sonho.

A coisa parecia tão esdrúxula que até seu pai o repreendeu.

A Palavra deixa escapar que a relação estava ruim em 2 pontos.  

1º Porque o texto começa dizendo que eles apascentavam juntos (versículo 2). Depois dos episódios todos, no versículo 12 vemos que José já não ia mais com os irmãos para apascentar, ou seja, houve uma ruptura na relação.

2º Porque a Bíblia é explícita no versículo 11 ao dizer que os irmãos "invejavam" José.

Cabe aqui uma distinção entre inveja e cobiça. 

Cobiçar é desejar para si, aquilo que o outro tem.

Invejar é diferente, é desejar que o outro não tenha aquilo que ele já tem. A inveja é o resultado do casamento entre a admiração e o complexo de inferioridade.

O que o outro tem é bom, é interessante e eu não quero que ele tenha porque a sua "eficiência" expõe a minha "deficiência".

José era, imaturo, marrentinho, provocativo, altivo, egoísta, puxa-saco e muito chato. Contudo, a graça de Deus é algo inexplicável. 

Mesmo agindo dessa maneira, provocando divisão na família, com um coração prepotente, arrogante e soberbo, ainda assim, a palavra que estava na boca de José era de Deus.

Foi Deus quem deu o sonho a ele e as escolhas de Deus não são explicáveis aos olhos humanos. São fruto da graça e não do Mérito.

Acho que vou ter continuar em outro post...

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