quinta-feira, 1 de setembro de 2011

MAIS VELHO OU MAIS MOÇO, QUE IRMÃO VOCÊ É?

"... e o Pai de longe o avistou e foi ao seu encontro...



Uma coisa que sempre me intrigou é o relacionamento entre os irmãos. Tenho a nítida sensação de que a maioria de nós ainda não entendeu que é impossível manter uma relação com Deus sem que esta implique num relacionamento sadio e construtivo entre os irmãos.



Um individualismo exacerbado e nocivo tem se instalado entre nós e sem perceber estamos cada vez mais isolados, egoístas e ensimesmados.


Jesus Já havia dito que no fim dos dias o amor de quase todos se esfriaria. Uma leitura A contrario sensu diria que nos últimos dias, a maioria dos homens buscaria somente os seus próprios interesses.


A confissão que essa tendência faz sobre o ser humano é a de que de fato o deus desse século cegou o entendimento dos incrédulos, pois tudo a nossa volta grita, desesperadoramente, ensurdecedoramente por UNIÃO. 


Em todas as manifestações da ciência e da arte (que são expressões do saber e sentir de uma determinada sociedade) é possível verificar que a necessidade de integração é uma grita renitente.


Outro dia ouvia uma música de Jorge Vercilo que dizia “...juntos podemos acabar com a fome do mundo. O que estamos esperando se a gente sabe que dá..., ... quando a noite aparecer lembra que somos um...”.   O que mais devo dizer?


Leonardo da Vinci, do alto de sua pedância e petulância, se jactava de já haver lido todos os livros publicados em sua época. Estimativas dão conta de que atualmente, a cada dois anos, duplica-se a quantidade de livros publicados. Em análise simplista, sabe-se cada vez mais sobre menos. Há um cabedal de livros para tratar de cada parte específica do ser humano. Hoje não basta ser ortopedista, precisa-se escolher uma especialidade dentro da ortopedia. Um profissional que se especialize em tratar do joelho ainda pode ser mais específico e cuidar só de uma parte do joelho. 


O que estou querendo dizer com isso? É que o mundo grita a cada dia mais alto que não estamos sozinhos e portanto precisamos uns dos outros. Não é isso que se entende por um mundo sustentável? As atitudes de cada ser humano vão repercutir em toda a coletividade, assim, o papel de bala que eu jogo na rua sem reciclar, terá impacto no clima do planeta inteiro (é claro que estou sendo generalista ok?).


E porque falo tudo isso? É porque ainda vejo o quanto não está claro isso para nós, que nos arrogamos de ser chamados cristãos. O Ensino do Mestre cuidava para que fossemos um e que como conseqüência disso o mundo saberia que Ele nos enviou. Simples assim, basta sermos um e o mundo crerá.


Mas o que me é mais comum é ver que quanto mais próximos ficando, mais afloram as disputas por posições, cargos, reconhecimentos. Mais o coração se enche de falsas importâncias então projetos bons são sabotados porque caso fossem à frente o “mérito” seria dado à outra pessoa.  Intrigas, dissimulações, inveja, desejo enrustido de que o caminho do outro seja trilhado por espinhos mais grossos do que os que feriram a nós mesmos. Ninguém quer ser apoio, segundo, suporte, todos querem ser protagonistas.


Até mesmo nas músicas que cantamos percebo esse individualismo. Onde estão o “nós” das canções? Agora canta-se “...Deus em o melhor pra mim...”, “...restitui, eu quero de volta o que é meu...”, “...remove a MINHA pedra, ME chama pelo nome, muda a MINHA história...”, nada contra as músicas em si, sei que alentam e muito o coração de quem está passando por um momento de dor e sofrimento mas sinto falta de cantar “ ... te exaltaMOS oh cordeiro santo de Deus...”, “Jesus te entronizaMOS, declaraMOS que és rei, tu estás no meio de NÓS, te exaltaMOS com louvores...” 


Na parábola do filho pródigo há uma coisa interessante. Nenhum dos 2 filhos conhecia de fato o seu pai. Quando o relacionamento com o pai não está ajustado, o relacionamento entre os filhos também não está. Assim, o que vejo é sintomático. O que realmente necessitamos é rever nosso relacionamento com o Pai.


Mas como fazer isso. Se sou o filho mais velho da parábola, me sinto enciumado e, invejoso, não consigo me alegrar com a restauração e graça que caem sobre a vida de meu irmão. Se sou o mais novo, o coração está tão cheio de culpa e a visão tão distorcida que não consigo olhar além de minha própria miséria e quando penso em família, somente o Pai me vem à mente. Como poderia haver um encontro entre esses 2?


Li algo legal essa semana. O Pai “viu o filho de longe e foi ao seu encontro...” . Isso significa que antes de ter que encarar a inveja e as disputas do irmão mais velho, existe um caminho a ser trilhado, onde sozinhos, pai e filho se reconciliam, choram juntos e há restauração. A conversa e o carinho com o pai são o verdadeiro remédio para curar as feridas e nos preparar para as dificuldades no relacionamento entre os irmãos.


O Pai podia perdoar o filho, restaurá-lo e restituir tudo o que ele havia perdido sem trazê-lo de volta pra casa, mas não Deus. Para Ele, a restauração do coração só tem eficácia quando colocada em prática por meio do relacionamento com os irmãos.


É nessa troca que Ele está pensando quando sai ao nosso encontro. Nos cura para que curados, possamos nos relacionar com os irmãos. Isso não significa que os problemas acabam, de forma alguma! O irmão mais velho ainda se ressentirá muitas vezes, mas se entre o seu ressentimento e o nosso encontro com ele tivermos encontrado com o Pai no caminho, uma coisa é certa, A FESTA VAI CONTINUAR PORQUE ESSE TEU FILHO ESTAVA MORTO E REVIVEU ESTAVA PERDIDO E FOI ACHADO.


Que o Pai nos ensine a viver em comunhão.


nEle, que é o cabeça de um corpo que somos nós,


Eric Jóia

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