quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

ESCOLHA SEUS ÓCULOS

Há quem use como adereço, hábito, por precaução, rola até um certo fetiche com esse acessório como se seu uso emprestasse ao portador um ar de intelectualidade visível... pra mim tudo isso é bobagem, eu uso óculos porque preciso e não me incomodo que as meninas do Leblon não olhem mais pra mim. Quer dizer, usava.


Pois é, perdi hoje meu companheiro de leitura. Nós tínhamos uma relação de afetividade, era como se ele fizesse parte de mim. Tudo que eu via, o que lia e minhas percepções estavam diretamente ligadas a ele, passavam por ele, por seu filtro, seu julgamento. Acho até que eu dependia em parte dele.

Fiquei imaginando se meus óculos tivessem vontade própria,
se de repente decidissem que eu veria tudo roxo, colorissem suas lentes e me forçassem a ver por aquele prisma. Os papagaios seriam roxos, assim como uma barra de chocolate. O céu seria uma grande tenda púrpura e uma carambola perderia a vitalidade. Isso pra não falar do sangue que perderia o vermelho-vida, os campos o verde-esperança e as nuvens o branco-paz.

O mais interessante nisso é saber que a realidade seria diferente daquilo que eu via, muito embora eu poderia morrer e até matar afirmando e defendendo a idéia de que o mundo era roxo.

Não importariam os apelos de quem quer que fosse. Explicações, teorias, debates, teses de especialistas, cirurgias de alta sofisticação, interesses pessoais... NADA, enquanto meus óculos estivessem lá, eu veria tudo roxo.

Faz um tempo que o Evangelho da graça me caiu assim, como um óculos. Logo eu que antes enxergava, mas não via, pois o deus deste século havia cegado minha compreensão da vida, agora vejo, e vejo diferente.

O Evangelho, sem nem me consultar, decidiu colorir minhas lentes com as matizes da misericórdia, do amor, da bondade desinteressada, do acolhimento ao aflito, do choro pelo sofredor, do perdão incondicional, da valorização da vida sobre tudo, dos abraços honestos, das palavras sinceras, da consciência de minha limitação, do não juízo... é assim que tenho enxergado a vida, com as lentes da necessidade de ser simplesmente como Jesus, nada mais.

Aviso portanto a quem me lê: Desista ! Desista tentar me fazer condenar, desista de me convidar para mesas de intrigas, desista de me envolver nos convites para apedrejamento. Não estou mais nesse time, não rezo mais nessa cartilha.

Me cansa ter que ficar fazendo gestão de melindres, aturar a hipocrisia, andar com gente perversa e mesquinha.

Não suporto covardes que esmagam o fraco apenas pra se afirmar, os que espalham boatos sem antes verificar.

Não tenho saco pra lidar com gente idosa cronologicamente, mas infantil emocionalmente. Que ainda não entendeu que nossa luta não é por uma moral ilusória, nem por reputação oca, que o reino não é nosso e que a vontade a ser cumprida é a do Rei, a saber, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus.

Quando olho então pra Ele, vejo sua paciência com a carnalidade dos discípulos. Pedro e sua impulsividade, Tomé e sua dúvida honesta, João e seus

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails