sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Reino de Deus e a Instutuição




Lendo as Escrituras com o coração puro e simples, tenho a impressão de enxergar um Jesus absolutamente diferente do que é “vendido” nos nossos dias.


Ele é mais livre, anda pelas ruas, fala com todos, anuncia sua mensagem no cotidiano e usa exemplos simples como lírios, pássaros, pães, pedras, peixes... e é escandaloso justamente por ser assim, tão livre. Era difícil encontrá-lo no templo. Era mais fácil achá-lo próximo do pecador, do marginalizado, do necessitado.


Essa tem sido uma das tônicas de meu discurso e filosofia de vida, a saber, O Reino de Deus.
Porém, há quem pense que eu tenha algum tipo de aversão a qualquer forma de instituição...
, que eu ache a organização desnecessária ou ainda que, pra mim, regras e “sistema” são necessariamente faces da mesma moeda.


Deixe-me então me explicar melhor, pois se você não me entendeu, tenho certeza que a culpa não é sua e sim minha.


Não, eu não sofro de “eclesiofobia”, não tenho aversão à igreja, disciplina, regras, instituição e tudo mais. Então o que eu penso sobre tudo isso?


Há uma máxima da sociologia que diz: o homem não apenas vive como convive. Eu estou de acordo com ela e a partir disso faço algumas observações.


Assim como é impossível para o homem viver só, igualmente impossível é a idéia de que o convívio com os outros não traga junto, no bojo, conflitos de diferenças.
Onde houver ajuntamento, haverá diferenças. Simplesmente porque pessoas não são iguais e ponto final, simples assim.


Como resolvemos então esta situação? Cada um faz o que quer? É uma opção, mas tenho certeza que muita dor de cabeça resultará disso. O que fazer quando um quiser branco e o outro preto? ou um achar que é melhor ter mais e o outro ter menos? Ou ainda se uns preferirem o lado direito enquanto outros o esquerdo?


É claro que estes exemplos são inocentes, mas é só para ilustrar que diferenças sempre existirão e é daí que surge a necessidade de regras. As regras servem para garantir o mínimo de harmonia na convivência. A função delas é estabelecer o mínimo indispensável para que um ajuntamento aconteça de maneira pacífica e ordenada.


Assim eu garanto que aqueles que gostam de alto convivam com os que gostam de baixo sem que nenhum dos dois precise se agredir ou desrespeitar para viverem juntos, afinal de contas eles podem discordar quanto a isso, mas ambos podem gostar de amarelo, por exemplo.

É nesse sentido que acho que alguns podem ter entendido errado o que eu disse. Estou com Jesus quando ele disse que o vinho novo precisa de odre novo. Jesus não disse que não precisa mais de odre, mas que o odre precisa acompanhar o vinho no processo constante de renovação.


As instituições, ou melhor, as igrejas enquanto instituições representam esses odres que servem para conter o vinho.


O problema é quando se perde a sensibilidade e o entendimento de que ser odre nada mais é do que ser um instrumento em processo de renovação continua.


Há regras para ser odre. Ele é feito de pele de animal, precisa ser curtido, ficar exposto ao sol por um determinado tempo, costurado da maneira correta, ter um gargalo adaptado de maneira a permitir tanto a entrada, quanto a saída, quanto a conservação do líquido que carrega... enfim, regras são importantes.


O que questiono e sempre questionarei é que estas regras precisam estar sempre sendo passadas em revista e as lentes pelas quais elas precisam ser examinadas são as lentes do evangelho.


Quando uma regra, ainda que exista há anos, que faça parte da tradição de uma determinada comunidade, quando esta regra se torna um obstáculo ao evangelho ou ainda quando ela se torna um valor em si mesma (é assim por que é assim) então, é hora de rever os conceitos e implodir o entendimento mais uma vez.


Vejam, o odre é importante mas é ele quem acompanha o vinho e não o contrário. O Vinho novo é que precisa de odre novo e não o contrário. Um odre não precisa ser renovado para conter um vinho antigo.


Assim como o odre representa a instituição, o vinho representa o evangelho novo, fresco, inebriante, que produz alegria e satisfação.


Então, fica aqui esclarecido, NÃO SOU CONTRA A INSTITUIÇÃO. Sou contra qualquer coisa que se arrogue eterna e imutável pois a bíblia diz que CÉUS E TERRA PASSARÃO, MAS A PALAVRA NÃO PASSARÁ.


Eterno e imutável só Deus e a Palavra, que é Jesus (O Verbo), o resto, tudo precisa ser revisto.
Sendo assim, sugiro que avaliemos qual é a motivação do nosso coração. Manter regras apenas por tradicionalismo, além de idiotice é maligno, pois faz murchar a beleza e o frescor do evangelho, No entanto, estupidez de igual proporção é achar que se pode viver sem parâmetro nenhum numa falsa liberdade ou ainda pensar que instituição e regras existem para ser desrespeitadas.


Regras e instituição, quando trabalham em favor do Reino de Deus, são apoios seguros, marcos de direção que nos ajudam e protegem nesse mundo sem parâmetro nenhum.


Vivamos, pois então, juntos, com regras, mas com o coração e mente abertos para mudanças constantes afinal o único mandamento, ou se preferir, a única regra que o Mestre deixou para a vida no Reino foi AMAI-VOS COMO EU VOS AMEI. O que passar disso ou for contrário a isso terá em mim um ferrenho opositor.


Ah, o que é o Reino de Deus? Xi... isso é papo para outro post.


Beijo no coração


3 comentários:

Sergio Filho disse...

Estou de pleno acordo. Mas difícil é suportar com paciência o processo de renovação do odre...e não podemos esquecer que este odre (igreja) não tem vida em sí mesma, como um ente psicopanteísta. Enquanto acharmos que é assim, aqueles que são os odres ficarão sob a expectativa frustrada enquanto se sentem como sendo nele (o odre-igreja-instituição), que não é e nem pode ser, pois ele (que dizemos que é odre), somos nós, indivíduos neste processo, mas que enquanto esperamos que ele (igreja - instituição)se renove,nós que somos não nos renovaremos.

Milena disse...

Gente, eu amo o Eric.
kkkkkkkkkkkkkkk..
com todo respeito a sua dignissima esposa!

Eric Jóia disse...

Obrigado Mila, também amo você. E não precis se explicar, hei relaxe, A Eliana e eu sabemos que se trata de um amor puro, amor de Deus.

Boa observação Sérgio, o odre "soy Yo" ou melhor "somos nosotros" ! kkkk

Psicopanteísta? Ui, isso é de comer ou de passar no sapato! kkkkkkkkkk

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