sábado, 28 de agosto de 2010

Um dia, um adeus


Faz 1 ano que escrevi o texto: FELIZ MEU ANIVERSÁRIO e ainda dou risada da repercussão. Engraçado, melancólico, muito legal, interessante, estranho, depressivo, apressado, denso, falaram tanta coisa...



Ninguém e todos acertaram. O texto era um pouco de tudo, um mosaico, um cardápio de mim, onde o Eric estava ali, “A La Carte” pra quem quisesse escolher e ver, o que melhor lhe conviesse.

Mas o que havia de mais interessante não era sua qualidade técnica, até porque sou um mero projeto de escritor, um narrador das minhas experiências de vida que vão se misturando com a bondade de Deus e o convívio com as pessoas.

A verdade do texto e sua visceralidade é que importavam. Então, todos estavam sub júdice desde de lá. Testei, observei, analisei, orei, caminhei e vivi. A medida que fui vivendo, as pessoas foram se confessando e mostrando tudo o que eu precisava ver.

Hoje, como eu vejo que hoje as palavras são o artifício mais simplório da comunicação. Fala-se mais, aliás, muito mais, com atitudes, omissões, olhares, escolhas, abraços e ligações, cartinhas ou empurrões. Tudo em nós é linguagem.

Falamos com as roupas, os olhos e o coração. Falamos quando ouvimos ou quando nos recusamos a ouvir. Falamos quando incluímos, quando compartilhamos, falamos até quando calamos. Como grita o silêncio.

Então eu ouvi e li muitas pessoas nesse último ano e cheguei às minhas conclusões pessoais.

Enquanto um circo de falsas importâncias se constrói e alguns se voluntariam para estar no picadeiro do auto-egano, entretendo-se com glórias inglórias, valentias covardes, gritos sem voz, lutas sem mote, conquistas de palha, a vida está acontecendo ali, na rua ao lado, onde a misericórdia acaba de construir uma casinha humilde e convidou para um café, seus amigos maltrapilhos.

Chegaram a amizade, o carinho e o abraço. Vinham de uma longa jornada a procura de estadia, mas não conseguiram lugar pois não podiam pagar o preço cobrado.

Chegando, assustaram-se ao ver, reclinado numa velha cadeira de balanço, O amor.

De poucas palavras, ele, um senhor de aparência doce, olhos cavos e abaciados, os olhou com simplicidade, bem no fundo dos olhos e disse sereno e cortante: Quem bom que vocês chegaram. Entrem, há lugar para todos nós.

No outro canto da sala, alegres e serelepes, brincavam  bondade, carinho e compreensão. Não sei qual era o nome do jogo, mas parecia ser algum tipo de quiz, no qual, ganhava quem conseguia acertar o maior número de respostas sobre às necessidades do outro.

Porém, 2 outros amigos estavam lá e me intrigavam porque não tinham nome aparente.

Um deles ficava o tempo todo na cozinha, preparando deliciosos quitutes que nos matinham alimentados sempre. O outro permanecia na porta, dia e noite, em pé, e nunca se cansava. Sempre que alguém passava pela rua, ele estendia as mãos.

Carregava consigo um bolsa com vários apetrechos, óleos e outras coisas e estava do lado de um poço que não se podia ver o fundo.

Olhando pela janela notei que as pessoas, ao chegarem à porta da casa, traziam um olhar sofrido, mochilas pesadas e muitas feridas.  E então, esse amigo desamarrava, não sem custo, a mochila das costas do viajante e jogava no poço. Sacava de sua bolsa alguns vidros de óleo que pingava nas feridas e imediatamente elas saravam. Era inusitado ver que o semblante das pessoas mudava na hora. E por fim, ele oferecia uma roupa novinha e bem cheirosa para aquela pessoa que era convidada a entrar. Uns aceitavam o convite, outros, lançavam mão de uma corda que estava ao lado do poço, pegavam sua mochila de volta, amarravam nas costas e seguiam, sem sequer agradecer.

Perguntei então à dona da casa quem eram esses amigos incansáveis, ao que ela me respondeu: O que cozinha o tempo todo, se chama respeito. É ele quem mantém tudo isso funcionando. Sem ele, todos nós aqui definharíamos de fome e até o amor, que de todos é o mais importante entre nós, não resistiria.

E o outro, que fica lá na porta? Perguntei eu. Ela então me disse: Seu nome é Perdão. Achei tão interessante o seu trabalho que me dispus a ir lá me apresentar e conhecê-lo, e ela me repreendeu: Não!!! ele não gosta de conhecer ninguém, porque pra ele, não há distinção de pessoas. Assim, sempre que você precisar poderá contar com a sua ajuda como se fosse a primeira vez.

Escrevi assim porque estou encerrando um ciclo da vida e iniciando outro. Estou me desvinculando do Projeto Vida Nova.

Não carrego nenhuma mágoa, e com o coração em gratidão a Deus é que escrevo.

10 anos (contando os tempos de grupo familiar e Irajá também) eu servi a essa comunidade, e trago no peito lembranças de toda sorte.

Mas, seletivo que sou, estou guardando apenas o que foi bom.


10 anos de muita doação. Muitas lágrimas, e muitas experiências. Aprendi mais do que ensinei, recebi mais do que acrescentei e tenho certeza, fui mais marcado que marquei.

Quantos desafios juntos. Me lembro do primeiro ensaio do Ministério de música, na sala da minha casa. Eu, Rodrigo e Simone, pra tocar no culto lá dentro do Cabral, Nuta Bartlet James era o nome da escola.

Também me recordo da 1ª vigília de líderes, também aqui na sala da minha casa. Na época, o Serginho (hoje Pr. Sérgio Crespo), definiu nossa casa como QG do PVNN (que ainda nem tinha nascido efetivamente).

Então, sob a espada de um cearense pra lá de arretado, mas com um coração de manteiga de garrafa, nos multiplicávamos em grupos e a cada dia o senhor ia acrescentando os que iam sendo salvos.

Tanta pureza e tanta alegria. Bastava um violão, uma bíblia e um coração e pronto, já estávamos nós lá, reunidos ao redor da mesa, com o coração abrasado, ansiando apenas Jesus, O pão que sacia a fome de todos nós. Nos irmanando e curtindo uns aos outros.

Os anos foram se passando, meninos foram engrossando a voz, meninas  virando mocinhas, muitas experiências acontecendo e não dá pra esquecer e deixar de mencionar algumas pessoas.

Prs. Moysés e Gersonita Malafaia. Indescritível foi a experiência de caminhar ao lado deles, nem que tenha sido um pouquinho, mas já marcou tanto. Só quem olhou naqueles olhos, ouvindo aquela musiquinha de flauta transversa, vendo um gordinho debruçado sobre um púlpito, se debulhando em lágrimas torrenciais e vertendo ali uma alma apaixonada, sabe do que eu estou falando. Loucas coisas do Coisas Loucas, um “curso” que mudou o curso da vida de muita gente.

A lista poderia ser bem maior. Walhiston Máximo, Denilson Alves, Fábio Teixeira, Jorjão, Aline, Rubens, Raquel, Edson, Luciene, Anne, Daniele, Alexandre, Rennan, Natieli, Rodrigos, Marlon, Allane, Vitória, Milena, Lipi, Bruno, Cristinas, Júlio, Dayse, Dalmir, Keila, Bibi e Palitinho, Lúcio, Ivo, Lídia, Samareca(serginha), Wilian, Flavitcha, Lene, Allan, Marilice, Vagner, Alessandra, Viviane e Junior, Sérgios, Davi, Simone, Márcia, Juan, Pedro Pança e Isra, João Pedro (esse é especial demais, só Deus sabe o porque, JUBA) os mais recentes, Abel e Thati (mas não menos importantes), enfim, a lista ia ficar longa demais.


Me desculpem aqueles que eu não incluí por mero esquecimento, porque não é fácil revisar texto com os olhos marejados.

Aprendi que a história é um profeta que olha pra trás, então, a profecia que me deixaram é de que, vale a pena ser verdadeiro e intenso.

Abracei com paixão, carinho e verdade. Sofri horrores por isso mas não volto atrás em nada, pois sei que não dá pra passar pela vida, se derramando como eu fiz, sem respingar em ninguém.

A dor tem motivos inúmeros. Mistura nostalgia, com decepção, alegria, com paixão, verdade com perdão. Dói, mas sei que é parte da obra a que estou submetido constantemente pelo Senhor, e que só acabará no dia de Cristo.

É assim mesmo. Nossa vida nas mãos do Senhor, às vezes, é como obra de Michelangelo, tem que misturar areia e sangue pra chegar à textura ideal, mas no final, o que fica é a estupefação completa de quem viu de onde vem e vê onde chegou.

Me prefiro hoje do que há 10 anos atrás e vou me preferir no último dia da minha vida, ao primeiro, pois sei que minha vereda é de glória em glória, de fé em fé, até a estatura de varão perfeito.

Não convido ninguém a fazer essa viagem comigo, ela é absolutamente pessoal.

Também peço que não me indaguem dos motivos, são meus e de mais ninguém.

É hora de cuidar do meu filhote e da minha esposa, olhar pra família e guardar meu próprio coração.

O amigo Eric estará sempre aqui, no mesmo lugar, à distância de um abraço, de um beijo, de uma ligação, um e-mail ou um torpedinho, com meu carrinho velinho, mas que sempre cabe mais um e meu coração que torce para que tudo vá bem e que todos fiquem em paz.

nEle, em quem aprendi a lição da água, na qual se percebe que há obstáculos que se deve remover, e outros que se deve contornar e seguir a viagem.

Quem sentou, sentou, quem não, sinto muito ... as cadeiras já foram recolhidas.

“... se você pensa que meu coração é de papel, não vá pensando pois não é. Ele é igualzinho ao seu, e sofre como eu...”

"... Eu respiro tentando encher os pulmões de vida, mas ainda é difícil, deixar qualquer coisa entrar...”

11 comentários:

Fabio Teixeira disse...

Vc resumiu bem toda a experiência. Obrigado pela gratidão.

Abraços

Fabio Teixeira disse...

Vc resumiu bem toda a experiência. Obrigado pela gratidão.

Abraços

Anônimo disse...

Amigo Eric,
queridão...
Voce tambem é indiscritivel, abençoado e abançoador. Deus se apresentou a mim de forma forma com o O Deus dos tempos e das estaçoes. Ele não muda, mas toda e qualquer outra coisa criada está todalmente sibmissa a Seu mover. Cabe a nós sensibilidade para perceber e discernimento para interpretar.
Que nessa nova estaçao vc se mantenha coisa louca...coisas louca de amor por vidas a serem ganhas e arrebatadas como que do fogo.
Obrigada porque nos guardou literalmente num lugar nobre do teu coracao.
Siga essa jornada adorando e faça a tua existencia algo que preste, principalmente em serviço ao proximo.
com respeito e carinho
Moyses Malafaia (in memmorian) e Gersonita Malafaia

Eric Jóia disse...

Quanta honra. Comentários desse Quilate. Obrigado Pastor Fábio Teixeira e Pastora Gersonita Malafaia. Vcs são especialíssimos na minha história de vida.

Eliana JOia disse...

È...querido...so Deus sabe o quanto tem doido...mas ele é o nosso Deus consolador e há de nos aperfeiçoar até o dia de Cristo Jesus!!!
Amo vc. Como seria bom se todos tivessem um coração como o seu!!!

Eric Jóia disse...

Bom mesmo é ter uma esposa como vc

Mila disse...

Bom mesmo é ter pessoas como vocês..
:P
babãooooo
hehehehehehe
eh isso aih!!! baba msm, vcs dois se merecem!!!! amooooooo vcs!

Anônimo disse...

Garotão que Deus continue te abençoando e abrindo todas as portas necesárias!!! Pessoas como vc não é tão facil de se encontar...
Vc vale ouro!!! abraços e precisando disponha, sempre.
att, Marcelo MALAFAIA.

Eric Jóia disse...

Marcelinho, você aqui no meu Blog? Cara, obrigado mesmo pelo carinho. Que saudade. Vamos marcar pra comer uma pizza? beijão.

UESLEI ADULÃO disse...

Eric,querido!Há quatro anos atrás ,fiz a mesma coisa que vc está fazendo...assim como vc só quero guardar coisas boas,retendo apenas o que foi bom!
O melhor de tudo foram os vínculos que fizemos,pois estes serão eternos!

Aline Crespo disse...

Eric, já havia lido sua postagem há 2 anos atrás...puxa, como passou rápido! Puxa, quanta coisa passou!! Hoje minha releitura foi totalmente diferente...como faz sentido!! Me perdoe por dois anos de incompreensão. Q bom q a graça e o amor de Cristo nos aproximaram novamente. Muito feliz!!

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