quarta-feira, 3 de agosto de 2011

MADEIRA NUA E CRUA



Houve um tempo em que eu realmente acreditei que seria possível:

• Ser um corpo sem deixar de ser indivíduo.
• Amar com intensidade sem se arrepender de tanto
• Amizade e carinho
• Ser você, sem necessidade de maquiagem e nem por isso ser julgado
• Que a cooperação superasse a competição
• Que talentos valessem menos que vínculos
• Que história e caminhada gritasse mais que circunstâncias
• Que posição , reconhecimento e status... o que é isso mesmo?
• Ser um time sem vaidade
• Insegurança cedesse espaço à confiança no controle de Deus
• Parar projetos quando pessoas se machucassem
• Que a vida valesse mais do que o que a instrumentaliza
• Que a instituição servisse às pessoas e não ao contrário
• Que individualismo e individualidade não se confundissem
• Que o sucesso do outro fosse o próprio sucesso
• Que “o outro” fosse Deus e que meu irmão fosse extensão de mim mesmo
• Que a ninguém fosse dado o título de “Raca”, conforme Jesus disse
• Que “pra sempre” nunca acabasse


Sim acreditei em tudo isso e muito mais, e fui feliz. Hoje ainda dói, e a saudade machuca o coração como um capataz da morte.

É uma tortura lembrar do timbre da voz, do cheiro da casa, do volume da risada, do abraço, das caretas, do jeito ininterrupto de falar, da cor dos olhos, do humor sarcástico, do mal humor, do jeito de abraçar, da expressão pensativa, da testa franzida, do estilo menina, da segurança e exemplo, do estilo despojado, dos frutos vivos, das dores compartilhadas, do ombro emprestado, do pavê de chocolate, da carona, das broncas por chegar tarde... Chega, dói demais.

Seria tão bom acordar e descobrir que tudo não passou de um tenebroso mal-entendido e que tudo está ali, como sempre esteve. Pertinho, ao lado... Se eu tivesse a fé de Josué, oraria para o tempo voltar, ou se me dessem um controle como “Click” eu sei o que iria editar, mas o filme não é “Efeito borboleta”, nem mesmo é ficção é o drama da vida e a vida é assim, uma versão sem cortes e o espetáculo, por vezes, é mesmo o Making-Off.

Eis o meu tributo à faculdade da lembrança, ao tempo que congelei pra nunca mais esquecer.

Vivas e salves a quem lê e sente.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo post! Está td bem? Espero que sim.

Eric Jóia disse...

Tudo é muita coisa.

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